Cronica de uma mulher a viver uma vida moderna.
Acordo mais um dia num mundo moderno e agitado, mil solicitações, falta de tempo para todas as tarefas necessárias sobretudo para as mais importantes, cuidar do EU. A Frustração constante vai gerando stress por não conseguir fazer tudo o que preciso e sobretudo o que quero para mim mesma. O stress continua, a ansiedade instala-se. Torna-se minha companheira constante. Já nem sei o que é acordar e avançar no dia-a-dia sem sentir o aperto no peito que não me deixa respirar: será que hoje vou ter tempo para tudo? Será que finalmente vou conseguir estar em um pouco em silêncio? Será que hoje a minha filha não irá fazer uma birra que me esgota completamente a boa disposição para o resto do dia? Será que organizando bem as tarefas (cozinhar, ir às compras, por roupa a lavar, responder a emails, enviar propostas, fazer telefonemas, atender os meus pacientes, ir buscar a pequena à escola) ainda terei um tempinho para dar uma caminhada ou ir ao ginásio? Ohhh, hoje o ginásio não. A nossa pequena terrorista de 2 anos, esta noite não parou de tossir com uma alergia já instalada há 1 semana. As dores nas costas dão cabo de mim, apesar de já me ir habituando, afinal já são dois anos de noites inteiras mal dormidas a acordar diversas vezes, a pegar ao colo uma criança já com mais de 13 Kg.
O telefone toca, faço uma pausa. Retomo a escrita. Mas… estava a escrever sobre o que mesmo? Já não me lembro… a minha memória de curto prazo foi dar um passeio cansada de não ter descanso. Agora ando com post-its por todo o lado, mensagens escritas na mão, e quando falo com alguém peço-lhe encarecidamente que me envie sms ou email a lembrar de algo que preciso enviar-lhe, pois sei que irá para o departamento mental do “e tudo o vento levou”.
É assim que anda a maioria da população e eu não sou excepção. Estamos a pagar um preço muito elevado por termos “evoluído” tanto e, por termos deixado as vidas simples para trás.
O Stress e ansiedade instalam-se confortavelmente nas nossas vidas e quando damos por nós, estamos afogados numa angústia constante, numa depressão sem saída e só nos apetece morrer.
Com sorte e um pouco de consciência iremos procurar ajuda: um bom livro, um curso, um terapeuta ou psicólogo. Outros, sem vislumbrarem ou conhecerem outros recursos irão afogar-se na bebida, nas drogas ou em qualquer outro tipo de autodestruição. Há também os que procurarão apenas ajuda médica para acalmar a ansiedade e para dormir melhor, encharcando-se em comprimidos até o resto da vida sem nunca conhecer a verdadeira causa desse mal-estar.
É fundamental neste processo de perda de equilíbrio e bem-estar no qual tão facilmente caímos, que reservemos tempo para nós mesmos. Tempo para sair do piloto automático das nossas rotinas sufocantes, tempo refletir, para tomar as medidas necessárias, para fazer as alterações urgentes pela nossa saúde.
As perguntas que te deixo para refletires são as seguintes:
- Qual a minha maior necessidade neste momento? O que mais me faz falta nesta fase de vida?
A mim por exemplo, falta-me é o tempo livre que dantes tinha para estar em silêncio, ler, refletir e estar em contacto com a natureza.
Depois de identificares o que te falta:
- Pensa em algo que possas fazer diferente para implementar na tua vida o que te falta, mesmo que seja de forma diferente ou em menos quantidade do que gostarias ou precisarias
Por exemplo, antes tinha tempo para tirar uma tarde inteira e ir passear e ler a beira mar. Agora aproveito 30 min do meu dia para caminhar e estar em silêncio no jardim perto da minha casa.
Antes tinha tempo para ir ao ginásio, fazer uma aula, treinar com calma, finalizar com banho turco e sauna. Isso levava-me umas 3 horas. Agora faço apenas a aula ou o treino. Finalizo só com banho turco ou sauna, não ambas. E gasto 1h30, o que é bom e me faz muito bem também.
Antes convivia com as minhas amigas durante uma série de horas seguidas. Agora combino um café de 1 hora. Não é a mesma coisa, mas é melhor do que não conviver nada.
Acima de tudo lembra-te, que nada dura para sempre, e que tudo está em constante mudança. O que é verdade hoje, deixará de ser amanhã. Mas enquanto vives a realidade que a vida te colocou neste momento, faz tudo o que estiver ao teu alcance para melhora-la e crescer com essa experiência.
Todos iremos pagar o preço por não termos tomado devidamente conta de nós mesmos. Uma doença “inesperada” por demasiado stress, um relacionamento que acaba por não termos tipo tempo para ele, um corpo sem força ou obeso por falta de exercício físico, os amigos que se afastam pois deixamos de ser uma companhia alegre e descontraída, os filhos que se revoltam por não terem tido a atenção e carinho suficientes ou por termos descarregado neles toda a nossa frustração e cansaço.
E tu queres pagar esse preço antes ou depois?
Cristina Gonçalves – Terapeuta, Coach e formadora