Era uma vez um menino chamado João. Na altura do seu nascimento todos ao seu redor, ficaram fascinados com o resplendor da luz que trazia dentro do seu peito. Era tão luminosa, quente e intensa, que todos olharam uns para os outros e afirmaram numa única voz:
Chamar-se-á João – pontinho de luz!!!!!
O João cresceu sempre muito luminoso, todos na aldeia se espantavam com a energia e alegria que esta criança emanava, falava muito, e tudo o que transmitia era pleno de entusiasmo e esperança, aquela luz que iluminava todo o seu ser, enternecia até os mais casmurros. Era muito apreciado na aldeia e todos se sentiam muito bem na sua companhia.
Até que um dia, os mais crescidos começaram a ter problemas, problemas de gente crescida que o João não entendia, mas que o entristeciam profundamente. Com os problemas as pessoas crescidas deixaram de observar a luz do João, não prestavam atenção, era como se o João de repente se tivesse tornado invisível. Não davam conta que era precisamente por deixarem de prestar atenção ao pontinho de luz que ia crescendo como qualquer criança, que as suas vidas se tornavam cada vez mais infelizes.
A infelicidade dos crescidos foi crescendo, e com ela diminuía a luz do João. O João continuou a crescer, desejando resgatar aquela felicidade com a qual tinha vindo ao mundo, mas não percebia que a sua luz se tinha apagado com o tempo. A vida se tinha encarregado de colocar sobre esse pontinho de luz resplandecente, inúmeros véus. Esses véus escondiam quase toda a luz do João. Foram colocados um por um, ano após ano, até o que o João se transformou num ser tal como todos os outros, apagado e triste.
Quando se sentia muito triste, costumava ir à floresta que havia perto da aldeia. Na floresta conseguia parar a mente, ouvir os pássaros, cheirar as flores, sentir o vento, ver o céu e, por pequenos instantes, conseguia sentir àquele pontinho de luz tão distante, e que uma vez fez parte da sua essência.
Eis que sem que nada o previsse chegou um dia, um dia no qual fundido com a floresta encontrou um feiticeiro. Era um ser alto e majestoso, tinha longas barbas brancas, e uma túnica azul brilhante. Olhou para o João e perguntou:
Procuras algo, filho?
João, sentado na erva fresca e molhada pelo orvalho da manhã, olhou para cima e sem mostrar-se muito surpreendido respondeu: “procuro a felicidade, já a tive em tempos mas perdi-a algures pelo caminho…”
O Feiticeiro olhou para o João, e com extrema compaixão e amor disse: “Filho chegaste ao lugar certo”.
João sorriu, e nesse instante começou a mudança.
O feiticeiro pegou na sua varinha mágica, apontou em direcção ao coração do João e, um por um foi retirando os véus que lhe tapavam a luz. O João estremecia, tal era a intensidade da luz que ia surgindo. Os seus olhos não conseguiam manter-se abertos, já não estavam habituados a tanta luminosidade. Os ombros endireitavam-se, e a sua figura tornava-se mais esbelta e radiante, só aí percebeu que andava curvado devido ao peso dos véus que carregava.
No momento em que foi retirado o último véu, o feiticeiro sorria feliz, não conseguiu esconder o seu fascínio pela luz resplandecente que emanava daquele ponto de luz, bem no centro do peito do João. Nunca tinha visto nada assim, este era verdadeiramente um ponto de luz muito especial!!!
A luz iluminou toda a floresta, os animais saíram das tocas para poder apreciar o espectáculo, que mais parecia uma explosão de fogo de artifício, todos pulavam e riam, os esquilos dançavam em redor do João, as andorinhas voavam em círculos, e todos festejavam, João voltou a sentir felicidade suprema!!!
Agora sabia que possuía uma poderosa ferramenta, que podia carregar para o resto da vida – O SEU PONTO DE LUZ – o regresso à sua essência, a descoberta do seu verdadeiro EU, essa era a tão procurada felicidade!!!
Por Cristina Gonçalves – Terapeuta, Coach e Formadora