Ninguém está deprimido, o que estamos é perdidos!
Com os desafios atuais que se vivem nacionalmente, mais conhecidos como «crise», têm aumentado os casos de depressão segundo os “especialistas”. Mesmo antes da «crise atual», o crescimento de venda de antidepressivos entre 1995 e 2009 foi de 300%. Este quadro é extremamente assustador, tendo em conta que muitos dos “especialistas” que recomendam esta medicamento mágico, percebem muito pouco de psicologia e/ou crescimento espiritual.
A gota de água para mim, foi saber que um familiar próximo que atravessa um período de tristeza e mudança profunda, sintomas normais a qualquer tomada de consciência e crise de valores pessoais, foi-lhe diagnosticado depressão e imediatamente medicado. O que os “especialistas” muitas vezes não sabem distinguir, com consequências graves para a saúde mental, emocional e espiritual dos pacientes, é tristeza de depressão.
Quando uma pessoa atravessa situações de transformação e mudança pessoal, muitas vezes acompanhados de um desmoronar da vida tal como foi conhecida até o momento, com momentos muito frequentes de confusão, medo e tristeza, precisa de momentos de reflexão, análise, contemplação de tudo o que se está a passar, interna e externamente.
Os antidepressivos irão adormecer o consciente, bloqueando o acesso ao inconsciente e “fingindo” que tudo irá ficar bem, até uma nova crise, isto se a pessoa tiver a coragem de deixar de tomar a mágica pílula algum dia durante a sua vida como “doente depressivo”. É como tentar baixar a febre de alguém com infeção e não descobrir a causa da infeção. Mais cedo ou mais tarde a pessoa poderá acabar por morrer, e é isso que acontece com o nosso SER. Irá morrendo aos poucos, sem se ter resolvido a causa da “depressão”.
O ano de 2000 com 27 anos de idade, para mim foi uma catástrofe. Previa-se o fim do mundo, e o meu mundo realmente acabou, pelo menos como o conhecia até a altura. Entrei numa depressão profunda. E desta vez era mesmo depressão. Por vários motivos internos que só entendi depois, a tristeza e desmotivação foram dando lugar a apatia constante e por sua vez ao pânico de sair de casa e enfrentar pessoas. Dormia mais 12 horas por dia (as únicas horas boas para mim) para não ter que estar acordada e enfrentar o pior dos meus inimigos – EU MESMA. Havia tanta coisa dentro de mim que não estava alinhada. Havia tanta coisa que fazia sem querer fazer, havia tanta coisa que sonhava fazer mas cujos sonhos não eram meus, havia tanta coisa que queria fazer e não tinha coragem de assumir. E de repente, num dia frente à médica de família foi-me diagnosticada depressão!
Já tive várias crises de tristeza, que agora conheço como crises de cura ou transformação pessoal, e conheço a diferença entre estas e uma depressão. De facto, o que tive em 2000 era mesmo já um desequilíbrio bioquímico devido a tanta contenção emocional acumulada até a altura. Mesmo depois de sair do consultório, completamente em pranto e com a prescrição do Zoloft (um dos tantos antidepressivos do mercado) dentro de mim havia uma voz mais forte que me dizia não precisar dessa muleta, e que precisava descobrir a causa e não remediar o efeito. Tomei os 2 primeiros comprimidos e não tomei mais. Decidi procurar ajuda, e depois de algumas tentativas, fiquei um ano a fazer psicoterapia com o psicólogo com quem mais me identifiquei (na altura ainda não sabia que havia outras opções de ajuda).
Enfrentei muito do que estava dentro de mim e desconhecia, e passei a conhecer muito mais de mim em 9 meses, do que conheci em 27 anos. Foi um renascimento e uma certeza que nunca mais cairia na mesma armadilha, pois agora sabia quais tinham sido as causas que me conduziram até lá.
Da minha experiência como coach e formadora, de todos os livros e formações que fiz para adquirir as competências necessárias para ajudar-me primeiro a mim mesma, mas sobretudo como alguém que lida e ajuda pessoas que passam por aquilo que eu já passei e que consegui ultrapassar, saindo mais renascida e forte, a minha mensagem principal é que a maioria das pessoas não sofre de depressão nenhuma, sofre sim de crise de valores pessoais, pois vivem vidas que não são as que querem viver. Sofrem de crises existenciais, pois são estas que nos fazem crescer e evoluir, e muitas vezes não são nada confortáveis. Sofrem de processos denominados por Carl Jung, da “Noite escura da alma”, processos estes muito necessários para a evolução espiritual e pessoal, e imprescindíveis para nos fazerem ir para um patamar superior onde iremos encontrar mais integridade pessoal, onde descobriremos quem realmente somos e porque não conseguimos ser felizes por mais que nos esforcemos, onde iremos encontrar mais harmonia e felicidade genuínas.
Se estás a atravessar algumas dessas alturas, pesquisa e informa-te melhor sobre outras alternativas de cura, e acima de tudo ouve a tua voz interna mais sábia e não o medo que te faz fugir de enfrentar o que tens que enfrentar para poderes começar a fazer brilhar a tua LUZ.
Nas minhas sessões individuais, ajudo as pessoas através de vários processos de cura interna (emocional, metal e espiritual) a enfrentarem estes processos com consciência e ferramentas específicas para terem mais qualidade de vida enquanto o processo dura, e acima de tudo a tornarem-se mais independentes e fortes quando o processo passa, sem necessidade de recorrer a medicamentos que camuflam estes preciosos sintomas que nos mostram o que está errado em nós e precisa de correção.
P.S. Existem casos específicos onde o desequilíbrio bioquímico é tão elevado que é necessário tomar o antidepressivo temporariamente para reequilibrar os processos de ligação dos neutransmissores, mas estes casos devem ser avaliados com cuidado, e muitas vezes depois de tentar uma abordagem de equilíbrio existencial e espiritual em primeiro lugar.
Nos próximos artigos falarei em mais pormenor de quais os processos de transformação pessoal que ocorrem e que são tão frequentemente confundidos com depressão.
Cristina Gonçalves
Olá Cristy,
Gostei muito do teu artigo. Achei-o muito pertinente para os tempos que correm, para muitas pessoas que atravessam o nevoeiro da vida e que são constantemente bombardeadas com “n” possibilidades acerca das causas dos seus problemas.
Como sabes já passei por algo semelhante e identifiquei-me com várias das tuas palavras.
Desejo que a tua mensagem chegue ao maior número de pessoas possível, principalmente às que se sentem que estão num “barco à deriva”…
Beijinhos,
Maria João
Também desejo que a minha experiência possa servir de exemplo a mais alguém, assim a nossa dor terá um propósito Maior
Sem dúvida! Que assim seja.
Bjo, MJ
Olá Cristina!
Excelente artigo. Colocas muito bem o problema dos antidepressivos e ansiolíticos como cura milagrosa para as depressões e esgotamentos, que não são mais do que tentativas recorrentes da nossa alma para nos fazer acordar para o processo de individuação e encontro com a nossa essência.
Acredito que dentro de “pouco” tempo olharemos para trás e chocar-nos-emos tanto com o uso desta “terapia” de cura da depressão como nos chocamos agora com o uso da lobotomia para cura da epilepsia ou da agressividade.
Obrigado
Abraço
António Andrade
Pois é António, trata-se de um processo de evolução de consciencia. Sei que muitos dos profissionais que prescreve, acredita de facto, que esta é a única solução.
Tem que haver mais luz e conhecimento, para elevar a consciencia nesta temática tão importante.
Grata pela tua partilha
Cristina Gonçalves
Este tema é fundamental, obrigado por o abordares. Acho que dava um belo Prós e Contras na RTP1!
Como coach e trainer lido quase diariamente com situações onde a atuação de quem prescreve é, no mínimo, pouco estruturada. Interfere-se com a bioquímica humana como quem faz experiências a olho. O pouco que sei sobre os impactos globais dos antidepressivos deixa-me em estado de alerta!
É verdade Pedro. Sei que também lidas e ajudas pessoas em fases de vida algo “perdidas”, através de um excelente trabalho, o que nos leva a ver mais de perto com situações em que percebemos que apenas era necessária a camaradagem certa, liberta de químicos.
Vamos ver se todos em conjunto conseguimos levar mais luz a esta temática!
Esta deve ser das melhores descrições sobre o tema que já li. Nas minhas entrevistas abordamos este assunto da depressão e falamos sobre a falta de definição de valores estar diretamente associada. Isto num nível muito mental e prático. Ao nível espiritual vai muito mais além. Os medicamentos apagam ao nossa capacidade de nos conectarmos com algo maior. Se por vezes é preciso muita disciplina para nos sentirmos conectados, então com medicamentos torna-se uma tarefa quase impossível.
Mais uma vez EXCELENTE artigo. ADOREI.
Abraço,
Leo
Fantástico Cris! Amei o teu artigo e revejo tantas pessoas conhecidas nele. É díficil para nós expectadores assistir a este “filme” e não podermos alterar o argumento. Cada ser humano tem o poder de escolha, seja ela para o “bem” o para o “mal”. O que entristece um pouco a minha alma é que após pedido de ajuda destas pessoas que estão a passar por esta fase de mudança como bem explicas-te, após várias tentativas de esclarecimento,após tentativas de ajuda espiritual as pessoas preferem continuar neste fundo do poço que parece nunca mais ter um retorno…
Olá Cristina,
Acabei de ler o teu artigo e está realmente fantástico. A forma simples e ainda assim cheia de conteúdo como o abordas é transformador.
Espero que quem o leia se sinta tão inspirada como eu.
Beijinho
Petra
Obrigada, eres maravilhosa, obrigada por comunicar de esa forma tan simple e mágica. Estaremos aprendendo cada dia, cada instante é especial, único e inrrepetivel.- Cada Dia o Sol sai de forma diferente e oculta-se com cores especiais.-
Cristina como te adoro e admiro, és um SR HUMANO FANTASTICO
e o teu PROPÒSITO È ILUMINAR QUEM está na escuridã, Bem haja pelo teu trabalho
Tocas a vidas das pessoas
Bjs grandes
Grata a todos vocês, que existem para que possa tornar-me a cada dia que passa uma melhor pessoa, e pelos vossos comentários que me permitem perceber que estou a contribuir no caminho certo. Bem hajam.
Obrigada pela partilha, Cristina.
Excelente a abordagem feita atraves deste artigo , sem duvida, uma inspiraçao para muitas pessoas que procuram e venham a leer este testemunho de vida !!
Parabens Muitos Sucessos !!!
Muito bom artigo, excelente abordagem ao tema.
Gostei muito.
Parabéns.
Manuel Duarte Silva
Adorei o teu artigo e me senti muito identificada, já passei por processos complicados na minha vida, felizmente nunca tomei antidepressivos sempre me socorri dos livros de auto ajuda e posteriormente de formações na área de desenvolvimento pessoal e Pnl alguns ministrados por ti. Hoje em dia afirmo e tenho conciencia que foram processos de transformação e re-avaliação de valores e transformação. Hoje em dia encaro as situações de forma diferente, sinto-me mais calma e determinada. Excelente artigo Obrigada 🙂
Adorei, Cristina.
Não posso estar mais de acordo. Obrigada por me lembrares do que já sabia, fazia, ensinava e… tinha esquecido.:-(
Continua a iluminar os caminhos, como tão bem fazes.
Beijinho
Grata pelo apoio e feedback Antonieta. Força para o teu caminho que pode iluminar muitos!