PERCEPÇÃO INTERNA E AUTO-IMAGEM
“Não sabemos como as coisas são. Somente sabemos como as observamos ou como as interpretamos. Vivemos em mundos interpretativos.” – Echeverría
Todas as relações começam na nossa mente
Vivemos na realidade que o nosso cérebro cria a partir das percepções do mundo exterior. A partir das informações recolhidas no mundo externo (por meio dos nossos canais sensoriais – olhos, ouvidos, nariz, boca, pele), criamos e vivemos em função da nossa própria interpretação da realidade.
Teremos que ter em atenção que são as nossas experiências anteriores (memórias, valores, crenças) e as referências particulares que formarão o nosso sistema interno de tomada de decisões.
Os modelos mentais condicionam, portanto, todas as interpretações e acções de uma pessoa, inclusive nos domínios técnicos, profissionais e científicos. Daí a importância de serem estudados e de se tomar consciência da sua influência.
Cada pessoa irá criar a sua realidade de forma particular, criando assim uma realidade subjectiva. Ninguém irá interpretar o mesmo facto da mesma forma. Isto irá levar a que surjam sempre primeiras impressões sobre factos, pessoas ou sensações levando à criação de expectativas sobre os outros e sobre os seus comportamentos.
Se criarmos expectativas que se confirmem iremos ficar satisfeitos, senão…irá desencadear-se mal-estar e desentendimentos entre as pessoas.
Assim, o resultado da comunicação e relacionamentos pessoais, surge primeiro como a imagem mental que temos dela, e depois agiremos em conformidade com essa imagem. A esta imagem do nosso EU perante o outro na nossa mente, chamaremos a auto-imagem.
Auto-imagem: eu construo-me a partir de como vejo os outros. Com a ajuda da nossa auto-imagem podemos saber quem somos entre os outros (Construção Mental do próprio EU)
Isto é poderoso porque podemos alterar e melhorar qualquer relação através da simples alteração da nossa auto-imagem nessa relação. E como podemos fazer isso? Alterando a imagem mental que temos desse panorama social. Como já referimos, as relações surgem primeiro na nossa mente, e depois lhe daremos o significado baseado nas nossas experiências e só então agiremos em conformidade com essa imagem mental.
A forma de reduzir o problema ou desconforto que associas aos acontecimentos e experiências terrenas, é mudar a forma como os encaramos. Não é possível mudar a experiência exterior, mas é possível mudar a experiência interior. A dor resulta do juízo que fazemos de alguma coisa. Sem esse juízo a dor desaparece. Estes juízos baseiam-se, muitas vezes na experiência anterior. A ideia a respeito de um evento deriva de uma ideia prévia acerca desse evento. Quando um primeiro pensamento sobre uma pessoa, situação ou evento não está completamente certo, esse erro é reforçado muitas vezes sempre que tens um segundo ou terceiro pensamento sobre essa pessoa, situação ou evento
Por exemplo, se alguém nos intimida, é muito provável que a imagem mental da interacção com essa pessoa seja da seguinte forma: o outro se apresenta com tamanho superior ao nosso na nossa imagem mental. Isso irá fazer-nos sentir inseguros e intimidados perante esta pessoa, provavelmente não pela sua real influência, mas sim pela imagem mental irreal que criei na minha mente, provavelmente reforçada por acontecimentos anteriores com pessoas que se comportaram de forma similar a esta que neste momento nos intimida.
Como a mente não distingue ilusão da realidade, vai agir em conformidade com a imagem criada, seja ela real ou não. A solução passa por alterarmos primeiro a imagem na nossa mente, para que se possa posteriormente alterar a reacção emocional associada. Neste exemplo concreto, se diminuirmos a imagem da outra pessoa ou aumentarmos a nossa auto-imagem de modo que ambas fiquem com o mesmo tamanho, a reacção emocional que tivermos perante essa pessoa neutralizará, permitindo-nos assim uma interacção mais equilibrada.
Este conceito de auto-imagem está intimamente ligado ao conceito de auto-estima. Uma auto-imagem reforçada mentalmente, fortalecerá a nossa auto-estima.
Cristina Gonçalves
Adorei o artigo, é brilhante.
Recupera nas pessoas seu poder de escolha e as liberta de padrões antes vividos por ignorância.