A natureza está plena de espécies únicas e maravilhosas. Não deixo de maravilhar-me quando vejo peixes que voam, pássaros que mergulham, árvores centenárias, paisagens que parecem desenhadas à mão, e outros incontáveis exemplos.
No entanto, existe uma espécie que desperta a minha particular atenção. – A Borboleta. Será possível que tenha sido criada uma espécie que nos mostra de maneira tão clara o próprio processo de metamorfose que o ser humano deve passar para transformar a sua natureza mundana em divina?
Para quem não se lembra ou simplesmente não sabe, as borboletas não nascem, elas RENASCEM.
Antes de ser borboleta, este lindo e esplendoroso ser é primeiro uma lagarta! Muitas vezes peluda, feia e repugnante aos olhos de muitos. Ninguém gosta de aproximar-se e simplesmente apreciar esta criatura. Ela rasteja, anda no solo húmido e escuro e, nem consegue olhar para cima e deslumbrar-se com a luz do céu, a não ser que tenha a coragem de subir a uma árvore.
A sua vida é muito previsível, rotineira e sem grandes perspetivas de conhecer outros “mundos”. Chegará uma altura em que ela terá então que fazer uma escolha: continuo aqui e permanecerei esta lagarta sem horizontes, ou tenho a coragem de passar por “aquele” processo que dizem me trará asas para finalmente ser livre, e viajar até onde a imaginação me levar?
E assim começa o tal “processo”.
Apesar de a lagarta vislumbrar um futuro mais radiante e livre, o dito “processo” não é nada fácil de atravessar. Ela irá construir um casulo, onde ficará fechada sem mover-se nem comer durante aproximadamente 1 mês (dependendo da espécie). Durante o “processo” haverá a transformação dos seus tecidos, irão formar-se as asas para que depois possa voar em liberdade. Quando o processo está concluído, chega mais um desafio – quebrar o casulo. Este outro “processo” leva aproximadamente 20 min, e requer outra dose de coragem e força por parte da já transformada borboleta.
O mesmo acontece com outra espécie do planeta, apesar do “processo” não ser tão visível e evidente. Chega uma altura em que nos cansamos de rastejar pela vida e se tivermos coragem decidiremos ganhar asas. O momento da transformação, da metamorfose, nunca é e nunca será fácil. Haverá uma transformação interna, não visível a olho nu, que nos libertará de todas as limitações e nos fará ganhar asas. Este processo no ser humano pode levar meses e às vezes até anos. Pode ser doloroso e lento, e muitas vezes já dentro do nosso casulo, pergunta-mo-nos por que raio decidimos empreender esta jornada.
E eis que certo dia, quando finalmente conseguimos livrar-nos do casulo, mexemos as asas pela primeira vez, e conseguimos voar! Não há sensação que se iguale no planeta! Estamos livres, livres pela primeira vez, e sabe tão, tão bem!
E aí, lembramos toda a dor e escuridão que passamos para cá chegar, e sabem que mais?
Com um sorriso na cara, a única coisa que somos capazes de dizer é: VALEU BEM A PENA!
Cristina Gonçalves